O mortal dos mortais

terça-feira, 17 de agosto de 2010.
Não entendo nada de arte, não entendo nada de música, não sou culto, nem curto muito os que são. Das coisas simples da vida eu gosto, mas não saberia dissertar sobre nenhuma delas não.

Capaz sim, eu sou, de curtir a vida com todo sabor que tem ela. Mas apenas curtir, sem a intenção de entender sua riqueza ou mazela.

Leio livros pelo bel prazer de viajar pelas histórias, incorporar as personagens, deliciar-me com o ritual. Jamais eu li para citar trechos ou os nomes dos seus autores e ser visto como intelectual.


Recordo-me do contexto, daquilo que me interessa, me fascina. Do resto eu me esqueço, me desfaço, atiro no lixo de qualquer esquina.


Política? Religião? Muito obrigado, não. Acredito que são substitutos indignos do prazer e sinônimos de escravidão.


Prefiro me preocupar com o sexo oposto. Curvar-se diante da sua beleza é algo que me dá gosto.
Mulheres?



Ah, as mulheres! Se das coisas que eu gosto afirmo não entender, eis meu grande fascínio e motivo pelo qual continuo a viver.

Em conversas de bar já reuni amigos de discursos inflamados, línguas afiadas, sempre com o intuito de achar o meu lugar entre essas mentes aladas.


Mas a procura foi em vão. Não fui capaz de me sustentar tão longe do chão.
Na vida boêmia me encontro na mesma velocidade em que me perco e acredito que este fato venha de berço. Risadas altas, abraço sincero, pessoas de alma pura são coisas que peço ao terço.

Mas não posso desejar nada disso sem a comprovação de que sou mortal. Sendo assim, tomo a atitude que me provaria afinal.

Sem medo, decidido, confirmo a seção que me marcará pelos traços das pontas sem coração.
Precisava ter certeza da minha fragilidade. Para ser humano eu não poderia sofrer da imortalidade.
Resolvo então me testar e o fim dessa história, agora eu vou contar.

Asas nas cosas e as coisas que gosto na pele eu desenhei. Estou salvo! Pela ponta que fere, tive a prova, sangrei.

Como já imaginava, saber pouco da vida não tem nada de mais. Agora posso me gabar de se o mortal dos mortais.

Christopher Eudes



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