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Por uma outra perspectiva

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010.

Recentemente, em uma repaginação em minha motocicleta, resolvi substituir os retrovisores. Para quem conhece, sabe que o retrovisor original da Shadow 600 é feio de dar dó, principalmente em um ‘seca suvaco’. 

Decidi mudar o item citado e colocar um outro mais, digamos assim, de acordo com o estilo da moto. O novo item é menor, mais estreito e casou muito bem com a estética do guidão. Mas que fique bem claro que falo de estética e não, de segurança, poiso o campo de visão diminuíu bastante.

E na primeira viagem feita com o retrovisor já foi possível perceber o quão perigoso é mudar a perspectiva para um motociclista. 

Na BR 376 (sentido Ponta Grossa – Curitiba), pouco depois do primeiro pedágio, eu estava pilotando minha moto quando avistei um caminhão vindo logo atrás de mim. Prudentemente olhei pelo espelho direito, certifiquei-me de que não tinha veículo algum vindo pela faixa ao lado, liguei a seta e passei para a faixa direita.

Diante de mim, vagarosamente, seguia um Gol prata e, assim que o caminhão me ultrapassou, olhei mais uma vez para o espelho esquerdo, dei seta e voltava para a faixa da esquerda com o intuito de ultrapassar o Gol. Graças a Deus eu costumo fazer este ‘movimento’ de maneira tranqüila, jamais ‘tocando’ a moto para o lado. Para a minha surpresa e susto, um Corolla prata aproveitou o vácuo do caminhão e fazia a ultrapassagem também. 

Confesso que não foi por descuido meu ou por irresponsabilidade do motorista do outro carro e sim, por FALTA do campo de visão. O veículo estava no NOVO ponto cego e quando eu percebi  a buzina já berrava em meus ouvidos e o farol do Corolla estava há centímetros da minha perna. Por incrível que pareça, foi esta a minha sorte, pois se a frente do carro toca a minha roda traseira, tenho certeza de que você já deve imaginar qual seria o resultado final dessa história.

O susto foi grande e o cuidado com as mudanças de faixa e ultrapassagens aumentou. Segui viagem de forma bem mais cautelosa e feliz por nada de ruim ter acontecido. Ao colega motociclista, alerto: quando resolver fazer alguma mudança em sua motocicleta pesquise, teste, certifique-se de que tais alterações não vão prejudicar a ciclística e a pilotagem.  
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Pacto da mediocridade

sexta-feira, 20 de agosto de 2010.
Eu aceito ser medíocre e abandono meus ideais.


Meus sonhos eu deixarei de buscar para ser igual aos outros iguais.


Aceito a condição de inútil e adorarei o fútil.


Prometo beber para esquecer e rir sem motivo para fingir não sofrer.


Juro que serei quase justo, quase honesto, quase sincero e incapaz de protesto.


Assumo o compromisso de não mais me preocupar com nada, nem com ninguém.


Não acreditarei em contos de fadas, em final feliz e da frieza serei refém.


Desta data não terei mais opinião, na rotina serei feliz e seguirei sem pretensão.


Em reuniões com amigos um ébrio eu serei sem me preocupar o quão vazio me tornei. Prometo não fazer nada para mudar coisa alguma e aceitarei imposições sem questionar coisa nenhuma.


Estarei satisfeito com o que acontecer e se não concordar com isso, nem se preocupe, não vai perecer!


Porém, não-medíocres existem em todo lugar, sendo assim, também existe um Mundo melhor para morar.


Sinceramente, não concordo com o pacto apresentado, mas aqueles que concordam, não percam mais tempo, registre seu nome neste baixo assinado.


Faço esse pedido, não para aos medíocres me unir, e sim, porque preciso saber de quem eu preciso fugir.


Por Christopher Eudes
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O mortal dos mortais

terça-feira, 17 de agosto de 2010.
Não entendo nada de arte, não entendo nada de música, não sou culto, nem curto muito os que são. Das coisas simples da vida eu gosto, mas não saberia dissertar sobre nenhuma delas não.

Capaz sim, eu sou, de curtir a vida com todo sabor que tem ela. Mas apenas curtir, sem a intenção de entender sua riqueza ou mazela.

Leio livros pelo bel prazer de viajar pelas histórias, incorporar as personagens, deliciar-me com o ritual. Jamais eu li para citar trechos ou os nomes dos seus autores e ser visto como intelectual.


Recordo-me do contexto, daquilo que me interessa, me fascina. Do resto eu me esqueço, me desfaço, atiro no lixo de qualquer esquina.


Política? Religião? Muito obrigado, não. Acredito que são substitutos indignos do prazer e sinônimos de escravidão.


Prefiro me preocupar com o sexo oposto. Curvar-se diante da sua beleza é algo que me dá gosto.
Mulheres?



Ah, as mulheres! Se das coisas que eu gosto afirmo não entender, eis meu grande fascínio e motivo pelo qual continuo a viver.

Em conversas de bar já reuni amigos de discursos inflamados, línguas afiadas, sempre com o intuito de achar o meu lugar entre essas mentes aladas.


Mas a procura foi em vão. Não fui capaz de me sustentar tão longe do chão.
Na vida boêmia me encontro na mesma velocidade em que me perco e acredito que este fato venha de berço. Risadas altas, abraço sincero, pessoas de alma pura são coisas que peço ao terço.

Mas não posso desejar nada disso sem a comprovação de que sou mortal. Sendo assim, tomo a atitude que me provaria afinal.

Sem medo, decidido, confirmo a seção que me marcará pelos traços das pontas sem coração.
Precisava ter certeza da minha fragilidade. Para ser humano eu não poderia sofrer da imortalidade.
Resolvo então me testar e o fim dessa história, agora eu vou contar.

Asas nas cosas e as coisas que gosto na pele eu desenhei. Estou salvo! Pela ponta que fere, tive a prova, sangrei.

Como já imaginava, saber pouco da vida não tem nada de mais. Agora posso me gabar de se o mortal dos mortais.

Christopher Eudes



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Trabalhar para quê?

terça-feira, 13 de outubro de 2009.
Uma viagem de 200 Km e certamente deva ser um dos passeios mais emocionantes da minha vida. O trajeto foi percorrido no dia 1º de Maio de 2009, feriado do Dia do Trabalhador, durante o maior motopasseio do Estado do Paraná, organizado pela rede de lojas Moto Savages. 

 
Em sua sexta edição, o motopasseio "1º de Maio" teve início na Rua João Negrão, em Curitiba, e seus participantes percorreram aproximadamente 90 Km até a histórica  cidade de Antonina. Segundo informações concedidas pela organização do evento, aproximadamente 4 mil motociclistas desceram pela bela e, naquele dia, perigosa estrada da Graciosa. 

A saída do comboio estava marcada para as 10h30 da manhã do dia 1º de maio. Para participar, o motociclista tinha duas opções: inscrever-se em uma das Lojas Savages, ou pela Internet no site do evento.

O cupom ou ficha de inscrição, esta última, impressa direto do site, dava direito a um adesivo e a um chaveiro que serviram como ingresso, em Antonina, na estrutura montada para recepcionar o comboio. 

Eu, minha carona e mais um casal de motociclistas partimos de Ponta Grossa às 7h30 a fim de curtir o encontro desde a sua concentração, marcada para iniciar às 9h. Percorridos os 40 primeiros quilômetros da viagem, uma fina e gelada garoa nos surpreendeu, mas nada capaz de nos desanimar.

Chegamos ao local combinado e lá estavam elas. Quatro mil máquinas de todas as cores, cilindradas e com tanta fome de asfalto que o ronco do estômago da serpente era ouvido a quilômetros de distância.

“É muito emocionante viajar junto com tantas motos e é legal a cumplicidade, educação e ambiente familiar onde todos se respeitam. Adorei a experiência e pretendo participar de outros encontros como esse”, declara Gislaine Kavalkievicz, 20, minha carona e caloura em viagens de motocicleta.

A descida pela serra da Graciosa foi uma emoção à parte. A chuva e o piso escorregadio exigiram muita prudência e braço de todos, e das motos, motor. A Graciosa foi bondosa, pois não derrubou ninguém.

Em retribuição, as quatro mil motos coloriram o cinzento dia e encheram os olhos daqueles que participaram ou apenas assistiram ao espetáculo. 
A chegada à Antonina ocorreu por volta das 13h30 e, por causa da chuva, o local reservado para o evento estava tomado pela lama, fato que deu um toque de emoção ao passeio, sem mencionar o ar de “Woodstoque” .

Para quem viajou na gigantesca e barulhenta serpente, emocionantes lembranças, porém, para quem não esteve presente, Rock’n Rodas se encarrega de registrar a dica para que todos participem das próximas edições do passeio.

Lembrando que o motopasseio acontece sempre no feriado do dia 1º de maio, data que certamente você não terá a desculpa do trabalho para não participar, afinal, trabalhar para quê em um dia em que você tem o direito de descansar e curtir uma bela viagem.
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O Menor Templo do Mundo

É assim que muitos motociclistas conhecem o capacete, item de segurança essencial para qualquer um que se aventure em um passeio sobre duas rodas. Mas foi recentemente que realmente entendi o verdadeiro significado do título dado ao elmo de fibra, resina, tinta, espuma e plástico.


Ao partir em uma motocicleta rumo ao interior de São Paulo, para ser mais exato, à uma cidade chamada Jacupiranga, onde meus pais me criaram e que residem até hoje, eu tinha em mente apenas duas coisas:

1º) A condição da estrada (devo mencionar que boa parte da viagem seria percorrida pela BR 116, conhecida como a Rodovia da Morte)

2º) O clima (nuvens escuras começavam a se formar naquele fim de tarde de terça-cinzenta).


Sabia que familiares e amigos aguardavam minha chegada, sendo assim, optei pela prudência à pressa, ainda que estivesse empolgado com a bela canção vinda dos pistões em V e dos 47 cavalos nos quais estava confortavelmente sentado.


O “brabulhar” do motor ditava o ritmo cardíaco, juntamente com as belas paisagens dos Campos Gerais, cuja presença pode ser admirada ao longo de boa parte da PR 376. Tais imagens distraíram-me até o momento que percebi o quão isolado eu estava do resto do Mundo.


Deparei-me com um sorriso besta no canto da boca e tomado por uma mistura de contemplação e embargo, percebi meus olhos lacrimejarem. A beleza proporcionada pelo ângulo de visão de quase 90º só não perturbava mais que o silêncio disfarçado de silvo. Estava só e aquela condição se prolongaria por algumas horas.


Não me lembro quando foi a última vez que passei tanto tempo comigo; tanto tempo com Deus.
Ciente da situação na qual me encontrava, entreguei-me ao fato. Minha voz ecoava no 'Templo' e enchia meus ouvidos com perguntas e respostas, gritos e letras incompletas de músicas cujo título não era capaz nem sequer de me lembrar.


Senti-me feliz e triste, sozinho e amparado, mas acima de tudo, senti-me seguro naquele lugar. Estava certo de que nada que estivesse além da viseira poderia me incomodar. Gotas de chuva tentaram, mas sem sucesso. Ignoradas, logo me deixaram em paz.


Mais insistente foi a serração. Essa se fez presente por quase metade da viagem, mas a única coisa que ela conseguiu foi prolongar minha estada no 'Templo'. O frio também fez sua parte, porém, assim como os outros que tentaram, falhou e não foi capaz de me dispersar.


Eu e meus pensamentos estávamos como há tempos não acontecia. Dividindo o mesmo espaço, juntos no mesmo lugar, deleitamo-nos com a sacra privacidade proporcionada pelas muralhas de acrílico.
Assuntos não faltaram, distância, sim. A viagem chegava ao fim e como em um céu estrelado, as luzes do meu destino surgiram no horizonte.


Em uma fração de segundo fui capaz de reconhecer aquela que, aos meus olhos, era a mais cintilante. A única coisa que conseguiria me fazer deixar o conforto e a companhia dos meus pensamentos: o ponto de partida de todos os meus sonhos, meu verdadeiro lar.


O uivo do vento já não mais fazia o papel do silêncio. O silêncio passou a existir em essência, em absoluta ausência do som, pelo menos, até ser quebrado pelo agudo, porém, quase que imperceptível tilintar da presilha da correia que prende o capacete.

A cúpula é retirada e os sons e cheiros familiares, rostos e sorrisos tomam conta dos meus sentidos. Não estava mais só! Seguro nos braços da família, encontrava-me feliz pelo reencontro com aqueles que tanto amo e pelo tempo comigo proporcionado pelo 'Menor Templo do Mundo'.


Christopher Eudes
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Mais um dia limpo

Olá! Meu nome é Christopher e estou aqui para dizer que estou mais um dia “limpo”. Hoje, completo mais um ano que estou sem televisão. Deixei um dos meus maiores vícios, a caixa mágica e suas vertiginosas e hipnóticas seqüências de imagens de lado e o substitui por: mais tempo com meus amigos, mais músicas, mais sessões de cinema, mais livros, mais estrada e mais fotografias.


Confesso que no início foi difícil. Resolvi tomar atitude tão drástica ao perceber que sofria da eterna falta de tempo. Não conseguia fazer nada, pois tinha convicção de que sem tomar conhecimento das notícias divulgadas pelos telejornais seria ignorado na rua e em meu serviço; de que seria taxado de displicente pelos colegas de trabalho, jornalistas, fotógrafos e assessores de imprensa, chargistas, diagramadores, redatores, cinegrafistas e todos aqueles que têm como fonte de sustento, a informação.


Precisava de argumentos sólidos e, digamos assim, maduros para apertar o botão do “on/off” da televisão - Sim! Minha teve era uma Sharp, modelo C 1402 – A, 14´´, com um botão que mais parecia a múmia de um peão-de-cabeça-chata de um tabuleiro de xadrez qualquer, cuja base trazia a inscrição “puxe-lig.-vol”. Nada de controle remoto, tela de plasma ou LCD.


Por longos anos levei a sério o título de telespectador e na atitude de não falhar nunca, surrava o botão “puxe-lig.-vol” cada vez mais cedo; bem antes do início do programa esperado e acompanhado dos sentimentos de culpa e covardia ardendo no peito relutava em goleá-lo novamente. Dessa forma me permiti por incontáveis vezes contemplar trechos da programação.


Agindo assim acabei por deixar em paz o botão-múmia até tarde da madrugada e em algumas ocasiões, o pobre coitado amanhecia sem que eu tivesse que lhe dar o segundo corretivo do dia.
Por ter sido tão piedoso acredito até que tenha um dos lados do rosto mais bronzeado que o outro. Impossível que isso não tenha acontecido após tantas horas exposto àquela luz intermitente vinda do chuvisco do tubo de imagem.


Exausto pela vertiginosa rotina comum a todos nós, chegava em casa e partia para cima da TV como um tarado parte para cima do seu objeto de desejo. O corpo em inércia, desabado em um sofá malhado ou lançado ao surrado colchão escondido pela montanha de lençol e cobertor, só permitia os espasmódicos movimentos das pálpebras. Transformava-me em um bolo de carne diante do microondas.




Certo dia eu escutei a voz que outrora salvara “Caroline” (personagem do filme Poltergeist) gritar pra mim: “fuja da luz Christopher”. Impossível não dar ouvidos para um chamado como esse, principalmente quando você desconhece sua origem. Tive a impressão de que vinha da estante dos livros, da sapateira, mais precisamente, da chuteira que brilhava graças ao pouco uso.


Achei também que vinha do equipamento fotográfico encostado ao pé da mesa do computador, da motocicleta que se encontrava estacionada na garagem e dos filmes antigos esquecidos nas prateleiras das locadoras. A voz vinha de todos os lugares que eu deixara de lado por acreditar não ter tempo. Foi quando eu decidi dar um último peteleco no “puxe-lig.-vol”, cortar-lhe o cordão umbilical e Nardorná-la. Sim! Joguei-a pela janela. Ao fazer isso, percebi que o quarto continuou iluminado.


Luz suficiente para ler, escrever, fotografar, ligar para os amigos e marcar uma cervejada ou uma viagem pela infinita highway. Desde então, estou limpo. Meu nome é Christopher e espero encontrá-lo(a) pela estrada, bem longe da caixa mágica.
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